quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Normal ou Anormal? Eis a questão

O que é normal? O que não é normal? Penso não estar muito enganada se disser que estas serão as questões que mais nos inquietam na actualidade. Dou por mim a pensar quantas pessoas seriam mais felizes, quantos casamentos não seriam desfeitos, quantas crianças não seriam maltratadas, quantas pessoas não seriam mais respeitadas se soubéssemos distinguir o normal do anormal.

O que se passa na cabeça dos pais quando usam os filhos como arma de arremesso? O que se passa na cabeça dos filhos quando usam os pais para obter tudo o que querem? O que se passa na cabeça do marido e da mulher para se acusarem mutuamente em vez de se amarem e perdoarem? O que se passa na cabeça dos namorados para pensarem que um manda no outro? O que se passa na cabeça dos jovens adultos para não saberem o que querem? O que se passa nas nossas cabeças para não conseguirmos ver que não é normal que isto aconteça? Será que estamos todos loucos? Ou será, simplesmente, que caímos na inércia de deixar andar e, para não nos chatearmos, consideramos tudo normal?

Pois hoje decidi deixar a inércia e dizer: Não, não é normal! E recuso-me a achar normal aquilo que nos faz viver infelizes.

Ouvi, um dia, alguém dizer que deveríamos ver o telejornal, ouvir ou ler uma notícia e ter sempre presente esta consciência crítica e repetir para nós mesmos: “Isto não é normal”, quando o conteúdo da mesma diz respeito a violação de direitos Humanos, a desrespeito pela vida e outras coisas mais.
O facto de repetirmos para nós mesmos: “Não é normal” faz com que nos lembremos que nem tudo o que acontece é bem, que nem tudo o que acontece tinha de ser assim, porque há sempre uma outra forma de se fazer as coisas.

Repitamos com frequência perante as noticias que nos chegam de todas as partes do mundo mas também de todas as realidades que vamos vendo e vivendo mais de perto que não é normal. E quem sabe talvez comecemos a fazer as coisas de uma forma mais normal. E, quem sabe, este mundo fica mais normal e volta tudo à originalidade do projecto de Deus: um mundo cheio de homens e mulheres felizes.
Nada está perdido… Mas, estaremos mesmo a caminho?

Sara Leal

5 comentários:

  1. Acho que o que se pode por em causa é o que é ou não considerado normal ou anormal.
    O que para mim é normal para outra pessoa pode não o ser. O significado de normal ou anormal é diferente de pessoa para pessoa.
    Isto seria bom se todos nós tivessemos a mesma opinião do que é a anormalidade das coisas.
    Mas é uma excelente reflexão...parabens!

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  2. O CJovem quer deixar aqui o agradecimento público à Sara Leal pelos excelentes textos que enviou (e esperamos que continue a enviar) para publicar no blogue.
    Bem haja, Sara.

    Como ela, também tu podes ver os teus textos aqui publicados. Basta enviar as tuas reflexões através do mail do CJovem.

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  3. Pois, este texto diz realmente muito, mas acho que não aponta bem para o sítio certo. Acho que o que está em questão é o que é certo ou errado?

    E será que temos um critério para o definir? É o que vem na Bíblia?É o que dizem os bispos e os padres? Será que é o respeito pela tradição (a palavra mais próxima de normalidade para a maioria das pessoas)?

    Será que assim a Pipoca tem razão, que o certo e o errado, o bem e o mal, dependem de pessoa para pessoa, de contexto para contexto? Eu acho que sim...mas isto deve ser questionado...acho eu...

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  4. "mas isto deve ser questionado...acho eu..."
    E achas bem, todos os dias e por todos nós, acrescento eu.

    A definição não existe. Há sim linhas de orientação pelas quais nos podemos reger. Venham elas de padres ou bispos, como dizes, do Dalai Lama, de um rabi ou de um imã.

    O critério é regido pela experiência de vida, da convivência, boa ou menos boa, entre os Homens (a qual as mais diversas religiões e filosofias têm como base).

    É daí que o critério de que falas deve ser retirado.

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  5. Exactamente, como dizia o P. Norberto hoje na missa de envio da Ligia, nenhum povo nem nenhuma religião tem a verdade toda. O que devemos é procurar ao máximo por todo o lado e não ficar por uma visão estreita do mundo. É a forma de criarmos o nosso próprio critério de certo e errado mais eficaz possível...

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