sábado, 24 de dezembro de 2011

A ternura de um Deus que nasce frágil

Certo dia, quando o tempo da espera terminou, Deus decide aproximar-se da humanidade e pede moradia. Maria aceita colaborar no seu plano de Amor e  acolhe Jesus em seu ventre. E deste modo Deus armou a sua tenda entre nós, partilhando connosco a vida. É um Deus-teimoso, porque sempre disposto a dar-nos uma nova oportunidade, apesar de todas as nossas incoerências e infidelidades.

O Natal é a Festa da ternura de Deus pela humanidade: “O Verbo, a Palavra eterna, a Sabedoria, o Filho Amado do Pai faz-se pequenina e frágil criança, filho de um casal de pobres, e nasce num recanto do mundo, de onde ninguém esperava nada de bom!” (Jo 1,46).

Se há dois mil anos Jesus nasceu nas palhas de uma manjedoura, agora nasce noutros presépios, noutras manjedouras.

Talvez queira nascer no ventre frio e escuro de uma paróquia sem vida, sem comunidade formada ou mesmo dividida, para aprender a ser uma comunidade de vida, de fé e de alegria.

Talvez queira nascer no interior luxuoso e movimentado de um Shopping, templo do consumo, onde não faltará  um Pai Natal, para que se questionem como não haveria ali lugar para Ele, num ambiente de consumismo desenfreado. Quando adulto, Jesus mesmo expulsou os vendilhões do templo e, convenhamos, esse grande templo que é o Natal de hoje, no seu todo, está corrompido. Não esquecer que Jesus é a essência do Natal.

Talvez queira nascer na solidariedade estéril de um qualquer Banco que, durante o ano lucra milhões e no Natal se compromete numa solidariedade interessada, estéril, mas nega o crédito no ano inteiro aos que nasceram pobres como Jesus. Jesus desafia-os a acolher e atender os pobres.
Talvez queira nascer no seio de uma família desestruturada, dividida pelo divórcio (em Portugal já há mais divórcios que casamentos), pela miséria moral, pelos maus tratos, para que lhes ilumine na dignidade humana e no poder do Amor.

Sim! Jesus quer nascer, não já numa manjedoura de palha, mas numa manjedoura-coração-de-gente. No coração-manjedoura do branco e do negro. No coração-manjedoura do cristão e do muçulmano. No coração-manjedoura do jovem e do velho. No coração manjedoura do oriental e do ocidental,...

Sim, este Jesus que nasce frágil, humilde, desprotegido, apenas espera que tu, como Maria, lhe abras o teu ventre acolhedor: o teu ser, a tua vida. Todo tu: um coração-ternura.

Albino Brás

O CJovem deseja um Feliz e Santo Natal a todos os seus leitores!

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