Fruto de uma sociedade mecanizada e automatizada, todos somos apenas o que a sociedade nos "vende"; por mais irreverentes que queiramos (ou pensamos) ser, caímos sempre na mesma rotina, no mesmo círculo vicioso imposto por um mundo pré-formatado.
Tendo como pano de fundo a Semana das Vocações, deixemo-nos contagiar pela irreverência de:
Uma vez, o semáforo de uma grande cidade fez uma coisa estranha. Todas as suas luzes, de repente, se tingiram de azul e as pessoas não sabiam como orientar-se.
- Atravessamos ou não atravessamos? Paramos ou não paramos?
Com todos os seus olhos e em todas as direcções, o semáforo difundia o insólito sinal azul, de um azul tão belo que nunca o céu da grande cidade tinha sido tão bonito.
Os automobilistas, à espera de compreender alguma coisa, apitavam e protestavam. As motorizadas faziam um barulho ensurdecedor e os peões comentavam o sucedido de muitas maneiras:
- Alguém roubou o verde para fazer um relvado no seu jardim.
- E roubaram o vermelho para pintar os peixes do aquário.
- Com o amarelo fizeram azeite.
Finalmente chegou um guarda e colocou-se na encruzilhada a orientar o tráfico. Um outro guarda foi à caixa dos comandos para reparar a avaria e desligou a corrente.
Antes de se apagar, o semáforo azul ainda teve tempo de dizer:
- Pobrezinhos! Tinha dado sinal de "passagem livre" para o céu. Se me tivessem compreendido, agora já todos saberiam voar. Mas talvez lhes tenha faltado a coragem.
Gianni Rodari
Tenhamos a coragem de sermos MESMO DIFERENTES!
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