quinta-feira, 9 de agosto de 2012

«O encontro com Deus é transformador»

Acabou a licenciatura em psicologia, mas foi num curso de missiologia e noutro de cristandade que encontrou o verdadeiro caminho. Agora, com quase três anos de seminário, está ansioso pela ordenação sacerdotal, mas sobretudo, por poder partir em missão.

No recolhimento das suas orações, Rui Ferreira, 31 anos, tinha por hábito colocar-se nas mãos de Deus, para que fosse feita a sua vontade. Com uma única condição: que não lhe pedisse para ser padre. Hoje, ri-se deste monólogo com o divino. Afinal, foi mesmo esse o caminho que Deus lhe apontou. Já começou a trilhá-lo e a convicção com que o fez é facilmente corroborada pelo discurso teológico, pelo brilho dos olhos, pelas palavras entusiasmadas que debita em catadupa quando se fala de missionários e de missões.

Nascido e criado em Torres Vedras, mais concretamente na paróquia Nossa Senhora do Amparo, Rui passou pela juventude como qualquer adolescente do seu tempo. Praticou desporto, saiu com amigos e amigas, foi a festas e, não o nega, cometeu «um ou outro excesso». No final do secundário, entrou no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), em Lisboa, e concluiu a licenciatura em psicologia social das organizações, sem grandes sobressaltos.

A grande mudança aconteceu na fase final do curso. Enquanto alguns jovens da sua idade trocavam «a transcendência pela alienação» e mergulhavam «nas drogas e noutros vícios», Rui aprofundava a introspeção. Sempre teve «grande ânsia de saber de onde vimos, para onde vamos» e, sobretudo, «qual é o sentido da vida». As respostas às inquietações encontrou-as no acaso da vida. Numa perspetiva puramente terrena, foi toda uma série de acontecimentos e convites aos quais nunca disse que não que o conduziram à epifania. Na sua perspetiva está claro agora que era esse o plano que Deus lhe tinha traçado.

Igreja jovem e dinâmica
«Foi um encontro muito forte que Deus fez comigo, na pessoa de Jesus Cristo. E quando o encontramos, quando recebemos esse amor, quando nos sentimos amados dessa forma, não podemos guardar esse amor só para nós. Não tornaremos a ser iguais», afirmou o seminarista da Sociedade Missionária da Boa Nova à FÁTIMA MISSIONÁRIA. O encontro de que fala Rui Ferreira é, simplificando, uma espécie de metáfora que resulta da experiência entre os dois cursos que fez em Fátima – de cristandade e missiologia -, a profunda devoção por Nossa Senhora e a enorme crença na intervenção do Espírito Santo.

Quando hoje se transmite a visão de «uma Igreja envelhecida» em Portugal e na Europa, Rui foi surpreendido com o que descobriu nas ações de formação: «Vi uma Igreja jovem, com face e mãos abertas, tanto para receber de Deus, mas principalmente para dar. Encontrei uma Igreja dinâmica e verdadeiramente católica, porque é realmente universal». E porque se trata de universalidade, a via mais lógica foi entrar para uma congregação missionária. «Seria mais fácil ser sacerdote na minha diocese, mas não foi isso que fizeram os apóstolos e os sucessores dos apóstolos. Nós temos que fazer Igreja onde quer que Deus nos peça», esclareceu.

Há quase três anos no seminário, já fez metade do curso de teologia. Interrompeu-o para frequentar uma formação espiritual e missionária, após o que fará um juramento temporário de consagração à atividade missionária. Moçambique será o destino posterior, para um estágio intermédio de preparação. Enquanto não chega o momento da partida para terras africanas, o jovem seminarista vai reforçando a fé: «O encontro com Deus é transformador. Recebendo esse amor, temos que o dar. Deus tem um plano para nós, muito mais belo do que qualquer plano que possamos fazer. E como Deus é dom só temos que descobri-lo e deixá-lo entrar no coração. Não se evangelizam territórios mas de coração a coração».

Texto e foto: Francisco Pedro, FM

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