segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Entrevista a um jovem missionário


Seguir Jesus na Missão é o modo mais belo de se gastar a vida que nos foi dada”. 

O seminarista João Batista, cuja história acompanhamos semanalmente no “Identikit de uma vocação” fez, para o Cjovem, uma entrevista a um missionário da Consolata recém ordenado. Boas leituras.

Jovem sacerdote, recém ordenado, o Padre Corrado conta-nos como decidiu dedicar-se à missão:

Padre Corrado Dalmonego, é um jovem italiano, recém ordenado. Foi a 09 de Janeiro, em sua comunidade na província de Mantova. Nasceu em 1975.  Como a maioria dos jovens, frequentou a catequese, grupo de jovens e de animação na sua paróquia. Envolveu-se e participou em vários movimentos da sua comunidade. No meio disso tudo, sentiu-se atraído por temas relacionados ao terceiro mundo, através da associação “Mapamondo”. 

Tudo 'corria bem', até que, um dia, conheceu um padre Missionário da Consolata e a partir daí sua vida não foi mais a mesma. O padre o fez conhecer os Missionários da Consolata e enamorar-se pela missão Ad Gentes. Entrou no seminário, na Itália, onde fez o noviciado. Estudou teologia no Brasil e fez o ano de serviço pastoral junto aos índios Yanomami, na Missão Catrimani dos Missionários e Missionárias da Consolata, em Roraima (Brasil), local onde foi destinado para trabalhar como sacerdote. Resolvemos fazer-lhe algumas perguntas sobre sua vocação, vida e missão.

João Batista (JB) -  Como conheceste os Missionários da Consolata?

Corrado Dalmonego (CD) - Primeiro conheci um padre missionário da Consolata (P.Orazio) originário de minha cidade e por meio dele comecei a participar junto a outros jovens do CMD (Centro Missionário Diocesano) de encontros, campos de trabalho, vigílias missionárias, etc. Até que um belo dia resolvi, depois de algum tempo, deixar tudo, trabalho, amigos e família e, aventurar-me nos caminhos da missão, abraçando a vida religiosa missionária.

JB - Para ti que coisa significa, hoje em dia, “ser missionário do evangelho?”

CD - Depende muito do tempo e do contexto no qual te encontres a viver. Acho que, uma coisa sempre válida para ser um verdadeiro discípulo-missionario do evangelho, pode ser entendida com uma música do padre Zezinho que diz: “Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu, sentir o que Jesus sentia”…

JB -  Fizeste os estudos teológicos no Brasil, país dinâmico e alegre, com uma variedade de culturas, e viveste em um seminário internacional, com seminaristas de proveniências e culturas muito diversas. Poderias contar-nos quais foram as alegrias e tristezas dessa experiência?

CD - Sim, para nós, missionários, a multiculturalidade é um desafio que se enfrenta dentro (nas nossas comunidades), e fora de casa  (onde somos enviados). É uma alegria o encontro com o outro, com o diferente. Mas não é simples assim como pensamos. Devemos fazer uma conversão de vida, saber aceitar quando colocam-nos em dificuldades e metem em discussão o nosso modo de agir: “És muito sistemático!” dizia-me um jovem. “Vocês italianos falam alto, que até parece que estão sempre com raiva”, dizia-me uma coordenadora das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base). Contudo, tive a alegria de poder ver quantos irmãos e irmãs encontram-se no caminho do Reino de Deus.  

JB -  Parabéns pela tua ordenação, próprio no ano sacerdotal. Se tivesses que pedir algo ao Senhor, o que desejarias que Ele te concedesse?

CD - Pediria que Ele acompanhasse todos os missionários. Que cada um pudesse aprofundar melhor o que significa, ser sacerdote entre os povos, capaz de seguir Jesus e de escutar os sonhos e clamores dos diversos povos com os quais vivemos. Mesmo, quando isso implica colocar em discussão certos esquemas que parecem intocáveis. 

JB -  Agora fala-nos um pouco sobre a realidade indígena, já que trabalhaste e viveste no meio deles. Que coisa tu aprendeste com eles? Que valores tu não abririas mão da cultura indígena?

CD - Foi uma Graça de Deus poder ter passado um período naquela realidade missionária.  Ali se pode ir às raízes do nosso ser missionário- servidor. Coisas para aprender deles são tantas. Estas duas são muito importantes para mim: primeiro, a relação com os demais habitantes da floresta, (pessoa, animal, vegetal) e a segunda, a profunda espiritualidade que constitui o pilar da vida biológica e social deles.

JB - Para terminar, que slogan, ou seja, que mensagem de entusiasmo tu dirias aos nossos jovens e hoje?

CD - Talvez não seja um slogan, mas diria: “Seguir Jesus na missão é o modo mais belo de se gastar a vida que nos foi dada”.

João Batista

1 comentário:

  1. os jovens italianos estão de parabéns!, por aqui jovens com tanta fé, radicalidade e maturidade de vida já não se encontram tão facilmente!

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