sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A felicidade envergonhada... e silenciada!

Dias atrás foi divulgado um estudo ( aqui citado ), realizado pelo Centro Nacional de Investigação de Opinião da Universidade de Chicago. O que diz? Como resultado de uma ampla sondagem junto das mais diversas profissões, mostra-se que os sacerdotes encabeçam a lista dos trabalhos mais gratificantes do mundo. Numa lista de dez seguem-se os bombeiros e, em terceiro, os fisioterapeutas. Denominador comum entre os primeiros da lista é a baixa remuneração e o estarem ‘em relação’ com os demais (no serviço, na ajuda, …). 


Dirá o caro leitor: “Estudos são apenas estudos!”. Pois sim, mas são indicativos, quanto mais não seja: de tendências, de um sentir comum. A ausência de qualquer estudo é que não indica mesmo nada; zero absoluto!


O que eu quero sublinhar agora é o seguinte. Chamou-me a atenção a pouca ou mesmo nenhuma repercussão que esta notícia teve nos Media em Portugal, e refiro-me especialmente aos meios católicos. E não se entende bem porquê! Sobretudo se tivermos em conta que muitos estudos são divulgados na imprensa e, muitas das vezes, sem critério aparente. Hoje mesmo acabo de ler: “Segundo um estudo, Messi é o jogador mais valioso do mundo, valendo 100 milhões de euros”. Numa pesquisa rápida que acabo de fazer, outro há, por exemplo, que indica até o melhor dia da semana para fazer reuniões (terça à tarde, por ser biologicamente' o dia e o período da semana mais produtivo).

Volto a dizer que os estudos valem o que valem. Mas é interessante que jornais de provada credibilidade junto da opinião pública tiveram, nestes dias, essa noticia entre as mais lidas nas respectivas páginas online. É o caso do ‘laicissimo’ diário espanhol “El País”, com um título muito directo e sugestivo: “¿Quiere ser feliz? Hágase sacerdote, bombero o fisioterapeuta”.

Anda a nossa Igreja em estéreis e aborrecidos encontros, congressos, cursos, simpósios e jornadas disto e daquilo, a discutir o marketing aplicado à questão vocacional e outros quejandos, e deparo-me com esta gritante perda de oportunidade de partilhar com o mundo o resultado de um estudo - que não era fabricado no  seio da própria Igreja, o que poderia soar a interesseira e demagógica -, e que diz “alto e bom som” que, afinal, o exercício do sacedócio é, para uma imensa maioria, um trabalho gratificante, que gera felicidade.

Se o tivesse feito estou seguro que ajudaria a levantar a auto-estima de algum que outro padre que, algumas vezes, se  poderá “esquecer” que “é feliz e não o sabe” e, o mais importante ainda, essa suposta divulgação, que daria ao estudo uma maior visibilidade, faria muito mais pelo discipulado e serviço ao Reino do que anos a fio de Semanas de Oração pelas Vocações e de Animação Vocacional, que nem sempre chegam onde deveriam chegar. 

Creio que ainda estamos a tempo de reflectir e, sobretudo, de reconsiderar determinados silêncios. A propósito… Queres ser feliz?

Albino Brás

1 comentário:

  1. Se não me engano, Nietzsche terá dito algo do género: o catolicismo pareceria muito mais convincente se os católicos parecessem felizes... Concordo com Nietzsche e concordo consigo Pe. Albino...

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