quarta-feira, 2 de maio de 2012

Situação dramática entre tribos do norte do Quénia


Aos conflitos pela posse do gado e das pastagens, juntam-se agora interesses de políticos que manipulam os nómadas do norte do Quénia. A coexistência pacífica de tribos tradicionais é perturbada com a ingerência de interesses económicos internacionais.

As populações da paróquia de Garba Camp, Isiolo, “são vítimas de abusos e ataques letais”, denuncia o superior geral dos Missionários da Consolata. É sabido que “muitas vezes as tribos nómadas do norte do Quénia entram em confrontos, por vezes violentos, pela posse de animais e para garantir o direito às pastagens”. Stefano Camerlengo explica que “interesses de políticos locais transformaram a coexistência tradicional de várias tribos em opressão e violência, para usurpar as terras aos povos nómadas, a fim de enriquecer-se, com a cumplicidade de potências económicas internacionais”.

Um relatório recente da comissão Justiça e Paz, dos Missionários da Consolata do Quénia, documenta três ataques dos Borana contra os Turkana, desde outubro de 2011 até hoje. Nestes conflitos, os Borana “mataram 20 pessoas, destruíram 150 casas, queimaram plantações e dispersaram os rebanhos de camelos. Os sobreviventes refugiaram-se em escolas, capelas da missão e em campos de refugiados improvisados nos terrenos da paróquia”. Muitos outros “fugiram para as aldeias vizinhas, consideradas mais seguras”. Calcula-se que “no território da paróquia sejam assistidas umas três mil pessoas”.

A situação é dramática nestes campos de refugiados. “As ajudas do governo são insuficientes, todos têm medo de sair do campo, falta o que é essencial, sobretudo água, aumentando o risco de epidemias e mortes, especialmente entre os mais vulneráveis, as crianças”, explica o superior geral, expressando a sua solidariedade aos milhares de refugiados.

“Espero que rapidamente os chefes das partes em conflito possam sentar-se à mesma mesa e alcancem um acordo de paz, de reconciliação e de perdão”, augura Stefano Camerlengo. É necessário “regressar rapidamente à convivência pacífica, no pleno respeito dos direitos de todos”. Os missionários devem, através dos meios de comunicação, “desmascarar e denunciar os provocadores que impunemente fomentam esta situação à custa dos pobres”. Os meios de comunicação são também “um instrumento eficaz para solicitar gestos de solidariedade e de ajuda concreta para apoiar os nossos missionários a fazer face à emergência nos campos de refugiados”.

E. Assunção

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