terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

«Como Allamano missionários para o mundo»

É este o lema que guiará a 24ª Peregrinação da Família Missionária da Consolata. Dois bispos, um de Moçambique e outro da Suazilândia, convidarão a olhar para mais longe. A universalidade foi uma das raízes dos dois Institutos fundados por José Allamano.

«Ide por todo o mundo e anunciai a Boa Nova a todos os povos». Allamano entendeu claramente este projeto universal de Jesus e fê-lo seu desde que compreendeu que havia um mundo extenso à espera do Evangelho. Foram sobretudo as «Memórias» do cardeal Massaia que o abriram a esta universalidade, que se tornou pouco a pouco um íman a polarizar todas as suas aspirações. Com a palavra África, Allamano queria significar essa universalidade, esse ir para além das próprias fronteiras de pátria, de cultura e de religião: «Deveis trabalhar com energia pensando que deveis preparar-vos para ir para a África». «Quem não está disposto a preparar-se para esta missão, pode muito bem deixar-nos para se tornar monge numa Cartuxa». E contava de pessoas que vinham pedir missionários para esta ou aquela atividade, para tomar conta deste ou daquele santuário. Respondia sempre não. «De modo nenhum. Nós dedicamo-nos aos não cristãos; não renunciamos a esta nossa única finalidade. As forças divididas são forças anuladas».

Se dentro do Instituto as ideias eram mais ou menos assentes sobre esta perspetiva, fora Allamano teve que lutar e enfrentar muita oposição. Teve que desafiar claramente a Igreja local, que ele servia com todo o coração e de um modo exemplar, mas que não entendia os seus rasgos de universalidade. Temos uma sua carta a um sacerdote amigo, já de 1891, quando o projeto começava a tomar forma no seu coração e na sua mente, que diz textualmente: «Uma obra como esta tirará à diocese bastantes jovens sacerdotes exemplares e de grande zelo, como são aqueles que precisamente tenho já debaixo de olho… Uma obra assim será naturalmente pouco bem vista pelo bispo local a não ser que este seja uma pessoa capaz de se elevar acima das ideias curtas que geralmente predominam, e que saiba compreender como um clero diocesano pode também ter uma missão mais ampla».

Homem de ideias largas
Allamano mostra-se já aqui homem de ideias largas, capazes de dar à sua diocese uma missão mais ampla. Permanecendo sacerdote diocesano, formador de sacerdotes seculares, cónego da catedral, sempre presente e ativo em todas as iniciativas espirituais, caritativas e sociais da diocese, dos jornais católicos à sociedade operária, Allamano ensina à sua diocese como deve ser a Igreja na sua identidade missionária. Teve que suportar acusações de todo o género como a de abusar da sua posição na Igreja local para puxar para as missões jovens sacerdotes, em «prejuízo» da diocese. Até era um pouco verdade, mas eram ideias atrasadas que Allamano não partilhava. Por sorte, teve na diocese também pessoas que o apoiavam e o ajudavam na fundação nascente, mas a maioria levou tempo a converter-se.

Pouco a pouco os fiéis e frequentadores do Santuário da Consolata tornam-se amigos fidelíssimos e apoiantes dos dois Institutos, que se prezam de levar o nome da Consolata, a países distantes. Institutos que são a expressão autêntica do crescimento missionário de uma Igreja local e da sua piedade mariana. E as vocações aumentam, provenientes não só do Piemonte, mas de outras regiões da Itália, um pequeno sinal do que será mais tarde a sua internacionalidade. José Allamano teve o condão de formar homens-mundo, com o coração dilatado à medida das necessidades da humanidade inteira. Procurou formar pessoas bem enraizadas na própria identidade cultural e ao mesmo tempo abertas aos novos mundos e às novas realidades.

Darci Vilarinho

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