Palavras

Há uma palavra que me anda a "remoer" aqui dentro faz já algum tempo...

Inquieta-me, chega mesmo a desconcertar-me.

O chato é que, por mais que tente ignorá-la, ela faz parte do meu dia-a-dia.

Esbarramos um no outro constantemente, seja qual for a situação, seja qual for o momento, não consigo ignorá-la por mais que tente.

Espaço... Espaço é a palavra.
Mais concretamente, o que ela implica:
Para ter o meu espaço, tenho que o "roubar" a alguém, as fronteiras não são fixas e o que julgo ter conquistado hoje, amanhã já o posso ter perdido.

O espaço que dou (de livre vontade) pode não ser o suficiente ou, pelo contrário, pode ser em demasia e fazer-me afastar de algo ou, mais importante, de alguém.
Existe também o espaço que me pedem. Serei eu obrigado a dá-lo quando não me apetece? Ele é meu, afinal de contas! E o problema regressa à questão das fronteiras:
Se me sinto bem com o meu espaço, há sempre alguém que se sente incomodado... se, por acaso, alguém se sente realizado e de bem com o seu espaço, acontece deixar-me, por vezes, a mim incomodado.
Sempre que quero espalhar os meus sentimentos pelos outros, lá está ela (essa palavra rebelde) aos encontrões aos espaços dos outros, lembrando-me que o que para mim é bom, para os outros nem tanto.

Que palavra esta que, dando-se de livre vontade, oferecendo-me tudo o que tem, me causa tantas dores de cabeça. Porque será tão difícil geri-la de forma agradar a todos?

Por vezes penso que é como se uma bola de sabão se tratasse, tenho de dar-lhe ar suficiente para ir crescendo, tendo o cuidado de não a fazer chocar com as outras bolas de sabão pois, de tão frágeis que são, chocando rebentarão e tudo o que se perdeu tem de ser recomeçado do zero.

Ai Espaço...
Palavra tão simples mas ao mesmo tempo tão atribulada.
Sem ela nada posso, com ela me inqueto.
Saber lidar com ela é o que procuro.

Olly