quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Coreia do Sul: Um futuro pouco ético


A sociedade coreana é caracterizada por altos níveis de corrupção e, consequentemente, os valores éticos são cada vez mais relegados para segundo lugar. Os jovens não têm problemas em plagiar trabalhos.

Um inquérito recente, publicado pela Jovem Academia Coreana, revela que a maior parte dos jovens não tem remorsos ou dificuldade em recorrer a métodos pouco ortodoxos e eticamente questionáveis para alcançarem os seus objetivos. A Academia fez um estudo baseado nas respostas de seis mil estudantes do ensino primário e secundário, a qual indica uma progressiva deterioração do seu sentido ético e uma atração cada vez maior e obsessiva pelos bens materiais. Ele revela que quatro em cada dez jovens que frequentam o liceu afirmam não se sentirem culpados por plagiar teses e outros trabalhos.

Na opinião dos responsáveis pelo inquérito, as causas deste fenómeno têm a ver com a exposição dos jovens aos níveis de cobiça, fraude, corrupção e irresponsabilidade ética que vigora na sociedade de forma rasteira, bem como na excessiva concorrência a que são submetidos aquando dos testes escolares, em particular no acesso ao ensino universitário.  Quando questionados sobre se estariam dispostos a cometer um crime e passar um ano na prisão por cerca de um bilião de won (719 mil euros), 44 por cento dos estudantes do liceu, 28 por cento dos estudantes do ensino preparatório e 12 por cento do ensino primário responderam afirmativamente.

Relativamente à apropriação indevida do trabalho intelectual de terceiros, 73 por cento dos estudantes do liceu, 68 por cento dos do ensino preparatório e 47 dos do ensino primário, respetivamente, também disseram ser aceitável plagiar material da internet na elaboração dos trabalhos de casa. O «índice de honestidade» parece enfraquecer à medida que os estudantes vão subindo de escalão académico. E, claro está, estes números causam inquietude não só em relação ao futuro, mas também em relação ao presente, sinal de que a educação que recebem dos pais e da sociedade em geral está mais inclinada para o sucesso a todo o custo do que para um estilo de vida baseado num caracter eticamente forte.

Álvaro Pacheco*, imc

(*) O padre Álvaro Pacheco é missionário da Consolata, atualmente a trabalhar na Coreia do Sul

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