quarta-feira, 2 de abril de 2014

Caminhada Quaresmal 2014 – 5ª Semana


1. Combustível – O que somos

DELICADEZA - Parece estar em extinção - muito mau sinal. A delicadeza é o modo de tratar as coisas e as pessoas com algum respeito. E com um pouco de honra. Não imaginemos a delicadeza como uma virtude própria dos avós. Nem sequer como cortesia fingida. Não, a delicadeza é um sinal de força, um sinal de coragem. Pelo contrário, o que vemos alastrar por toda a parte – nas arenas da política, da televisão e, antes de mais, nos relacionamentos pessoais, nos postos de trabalho, é uma espécie de “brutalidade”, de rudeza - o que é falta de educação. Se disseres “bom dia” a qualquer pessoa pelo caminho ou passando nas escadas, é como se fosse um escândalo. E depois tratam-se as coisas mais profundas, e as coisas mais íntimas com grande, e até violenta, banalidade. Muitas vezes, com um estranho gosto pela troça. É como se houvesse uma avidez pelo mal. A delicadeza é a virtude das pessoas fortes. De quem possui uma autoconsciência tal do alto e do baixo, do excelente e do profundo da vida, que sabe automaticamente que certas questões só podem ser abordadas com delicadeza. O que não equivale a uma abordagem confusa, alheia a ideias claras. Quem é capaz de ter delicadeza não o é pela mania das boas maneiras ou só por boa educação. É-o porque tem juízo. Porque sabe de que são feitas as pessoas.


2. Comburente – O que nos alimenta


Naquele tempo, as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: «Senhor, o teu amigo está doente». Ouvindo isto, Jesus disse: «Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho do homem». Jesus era amigo de Marta, de sua irmã e de Lázaro. Entretanto, depois de ouvir dizer que ele estava doente, ficou ainda dois dias no local onde Se encontrava. Depois disse aos discípulos: «Vamos de novo para a Judeia». Ao chegar lá, Jesus encontrou o amigo sepultado havia quatro dias. Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo». Jesus comoveu-Se profundamente e perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde o pu¬sestes?». Responderam-Lhe: «Vem ver, Senhor». E Jesus chorou. Diziam então os judeus: «Vede como era seu amigo». Mas alguns deles observaram: «Então Ele, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito que este homem não morresse?». Entretanto, Jesus, intimamente comovido, chegou ao túmulo. Era uma gruta, com uma pedra posta à entrada. Disse Jesus: «Tirai a pedra». Respondeu Marta, irmã do morto: «Já cheira mal, Senhor, pois morreu há quatro dias». Disse Jesus: «Eu não te disse que, se acreditasses, verias a glória de Deus?». Tiraram então a pedra. Jesus, levantando os olhos ao Céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas falei assim por causa da multidão que nos cerca, para acreditarem que Tu Me enviaste». Dito isto, bradou com voz forte: «Lázaro, sai para fora». O morto saiu, de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Disse-lhes Jesus: «Desligai-o e deixai-o ir». Então muitos judeus, que tinham ido visitar Maria, ao verem o que Jesus fizera, acreditaram n’Ele. (Jo 11, 3-7.17.20-27.33b-45)


3. Energia de ativação – O que nos anima

DELICADEZA – O exemplo do Fundador
«Os seus modos eram da máxima educação e cheios de dignidade, sem pieguices ou afetação, com uma compostura recolhida, própria das pessoas de rica vida interior, com aquele ar distinto em toda a sua pessoa, sempre imaculada mas sem exageros, com o seu falar cavalheiresco, sincero, conciso, de voz calma, um tanto fraca e baixa. Tratava as pessoas com respeitosa dignidade mas sem ser servil, fosse lá com os nobres, com os príncipes por descendência ou com os príncipes da Igreja, com os aristocratas ou com os bispos. Não tinha duas formas de boas-maneiras – uma de etiqueta para personagens ilustres, e outra para as pessoas comuns, para os simples padres ou para a plebe. Elas eram as mesmas para todos, as do cavalheiro sempre com presença de espírito, autoconsciente» (S. Solero, discurso por ocasião da trasladação dos restos mortais).
«A sua voz era ligeiramente fanhosa, de tom baixo e grave; mas naquela voz sabia colocar tanta doçura que logo conquistava o coração dos interlocutores. O seu olhar descia até às pregas da alma, por vezes mais impenetráveis que uma floresta virgem. Os seus olhos iam para além da face dos interlocutores, libertando a consciência dos mais grossos arreios e trazendo tudo à luz, tal como era diante de Deus. A sua inteligência, sempre intuitiva, sintética, atingia logo a essência das questões. O seu carácter, sempre aberto e cordial, sincero até ao escrúpulo, era absolutamente alheio a complexos»


4. Pistas para reflexão

1- A delicadeza é a virtude das pessoas fortes. E tu, consegues tornar-te forte pela delicadeza?

2- Quando foi a última vez que te confessaste e respondeste à afirmação de Jesus: “sai para fora!” Estará na hora de sair para fora da gruta e ressuscitar como Lázaro para uma nova vida?

3- A delicadeza de Allamano tornou-o um símbolo para aqueles que conviveram com ele. No teu dia-a-dia, consegues ter esta delicadeza para todos os que te rodeiam?

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