sexta-feira, 13 de junho de 2014

Missionária da Consolata vai ser beatificada

Papa valida milagre da multiplicação da água da pia batismal da igreja paroquial de Nipepe, em Moçambique. Um grupo de 260 pessoas esteve encerrado no templo durante três dias e conseguiu sobreviver por intercessão de Irene Stefani.

No ano dedicado ao fundador do Instituto Missionário da Consolata (IMC), beato José Allamano, a congregação não podia receber melhor prenda. Depois de um longo processo judicial e administrativo, o Papa Francisco autorizou, na quinta-feira, 12 de junho, a promulgação do decreto de beatificação de Irene Stefani, missionária da Consolata, falecida a 31 de outubro de 1930, no Quénia.

O processo para a causa da beatificação e canonização da religiosa tinha sido iniciado em 1984. A investigação judicial sobre a vida e fama de santidade de Stefani, realizada nas dioceses de Nyeri (Quénia) e Turim (Itália), foi validada em janeiro de 1993, e em abril de 2011, o Papa Bento XVI aprovara já um decreto onde reconhecia as virtudes heroicas da religiosa, com base nos pareceres de uma Comissão de Teólogos e da Congregação para as Causas dos Santos.

O milagre atribuído à intercessão de Irene Stefani registou-se em janeiro de 1989, na igreja paroquial de Nipepe, diocese de Lichinga, em Moçambique. Um grupo de 260 pessoas que incluia alguns catequistas em formação teve de refugiar-se três dias no templo, devido aos confrontos entre militares da FRELIMO e da RENAMO, juntamente com o padre Giuseppe Frizzi (IMC). Sem água para beber ou para se refrescarem devido ao calor intenso, os refugiados foram autorizados a recorrer à pia batismal.

Porém, o reservatório, escavado num tronco de árvore, com inúmeras fissuras e com capacidade não superior a seis litros de água, adivinhava-se insuficiente para dar de beber a tanta gente. Foi então que os refugiados se lembraram de pedir a intercessão da irmã Irene. E, sem haver «uma explicação natural e plausível», uma vez que «não havia racionalização ou economia de água» - como concluíram os especialistas consultados durante o processo -, o precioso líquido deu para matar a sede a todos, para os refrescar e até para lavar uma recém-nascida.

«Era a mãe Irene a fazer o milagre, ela ouviu-nos e ajudou, fomos salvos pela sua intercessão», afirmaram, com convicção, as testemunhas ouvidas durante as investigações. Consultados os peritos, médicos e teólogos da Congregação para as Causas dos Santos, concluiu-se que «aconteceu algo de extraordinário ou sobrenatural», o que deu por finalizada a fase do julgamento da causa e abriu caminho à beatificação. A data da celebração não foi ainda anunciada.

Francisco Pedro

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