Papa valida milagre da multiplicação da água da pia batismal da igreja paroquial de Nipepe, em Moçambique. Um grupo de 260 pessoas esteve encerrado no templo durante três dias e conseguiu sobreviver por intercessão de Irene Stefani.
No ano dedicado ao fundador do Instituto Missionário da Consolata (IMC), beato José Allamano, a congregação não podia receber melhor prenda. Depois de um longo processo judicial e administrativo, o Papa Francisco autorizou, na quinta-feira, 12 de junho, a promulgação do decreto de beatificação de Irene Stefani, missionária da Consolata, falecida a 31 de outubro de 1930, no Quénia.
O processo para a causa da beatificação e canonização da religiosa tinha sido iniciado em 1984. A investigação judicial sobre a vida e fama de santidade de Stefani, realizada nas dioceses de Nyeri (Quénia) e Turim (Itália), foi validada em janeiro de 1993, e em abril de 2011, o Papa Bento XVI aprovara já um decreto onde reconhecia as virtudes heroicas da religiosa, com base nos pareceres de uma Comissão de Teólogos e da Congregação para as Causas dos Santos.
O milagre atribuído à intercessão de Irene Stefani registou-se em janeiro de 1989, na igreja paroquial de Nipepe, diocese de Lichinga, em Moçambique. Um grupo de 260 pessoas que incluia alguns catequistas em formação teve de refugiar-se três dias no templo, devido aos confrontos entre militares da FRELIMO e da RENAMO, juntamente com o padre Giuseppe Frizzi (IMC). Sem água para beber ou para se refrescarem devido ao calor intenso, os refugiados foram autorizados a recorrer à pia batismal.
Porém, o reservatório, escavado num tronco de árvore, com inúmeras fissuras e com capacidade não superior a seis litros de água, adivinhava-se insuficiente para dar de beber a tanta gente. Foi então que os refugiados se lembraram de pedir a intercessão da irmã Irene. E, sem haver «uma explicação natural e plausível», uma vez que «não havia racionalização ou economia de água» - como concluíram os especialistas consultados durante o processo -, o precioso líquido deu para matar a sede a todos, para os refrescar e até para lavar uma recém-nascida.
«Era a mãe Irene a fazer o milagre, ela ouviu-nos e ajudou, fomos salvos pela sua intercessão», afirmaram, com convicção, as testemunhas ouvidas durante as investigações. Consultados os peritos, médicos e teólogos da Congregação para as Causas dos Santos, concluiu-se que «aconteceu algo de extraordinário ou sobrenatural», o que deu por finalizada a fase do julgamento da causa e abriu caminho à beatificação. A data da celebração não foi ainda anunciada.
Francisco Pedro
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