sexta-feira, 10 de abril de 2009

A crise e os números da Igreja Católica em Portugal

Ao ler os dados actualizados sobre a Igreja Católica em Portugal, trazidos à luz do dia pelo último número do Anuário Católico - e aqui noticiados pelo Público -, a primeira tentação seria a de debitar o cenário da realidade eclesial que ali nos é apresentada à tão propagada crise actual, que afecta tudo e todos. Mas não! Esta crise vem de longe e talvez seja mais profunda.

Preocupa, de modo especial, a constatação da diminuição acentuada do número de sacerdotes. A cada dois que morrem apenas um é ordenado. E preocupa mais ainda se tivermos em conta que, dizem os números, 88,10% dos portugueses se dizem católicos. Ora, como é que uma percentagem tão grande de católicos pode gerar tão poucos seguidores de Jesus? Daqueles que se entreguem a trabalhar Ad Vitam, a templo pleno e por toda a vida, na sua messe? "A messe é grande mas os trabalhadores são poucos" (Lc 10, 1-9) Uma Igreja viva é uma Igreja que gera servidores. E uma pastoral, qualquer que ela seja, que não seja vocacional, não é verdadeira pastoral.

Obviamente que os número ali relatados devem ser interpretados. E - não tenhamos dúvidas - haverá interpretações, a começar por esta, para todos os gostos, que tentarão explicar cada tendência, cada número. Mas o mais importante é reflectir, analisar, debater... Afinal, são números que falam. E muito!

Pensar e reflectir sobre isto em plena Sexta-Feira Santa, olhando para o Cristo desfigurado na Cruz, deve levar-nos a reflectir no mesmo Cristo, tantas vezes desfigurado por estes 88,10% de portugueses que n'Ele dizemos acreditar mas que, possivelmente, sem o sentido e sem o mistério da cruz., como tronco aberto para a Vida. E, convenhamos, falta Vida na sociedade na Igreja.

E tu, o que pensas?

A. Brás

6 comentários:

  1. 88,10% de Católicos? Se ser Baptizado é ser Católico então é verdade! Mas se ser Católico for mais do que ser Baptizado, se implica presença assídua na Eucaristia, compromisso na Paróquia, ser de algum modo membro activo; então parece-me que não chega sequer aos 40% dos portugueses!!!! Como é sabido hoje em dia os Sacramentos como o Baptismo, o Matrimónio, o Crisma e até mesmo a Eucaristia são olhados pela grande maioria como o mero cumprimento de uma tradição de família, de um protocolo e até chega a ser apenas motivo para grandes banquetes e festa! Os portugueses tal como quase todo o ocidente estão cada vez mais afastados da religião!Porque??

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  2. Por outro lado os Sacerdotes, as Paróquias, as Dioceses também têm a sua culpa!
    Os Sacerdotes porque olhando á realidade facilitam em demasia a quem quer receber os Sacramentos, não exigindo, nem permitindo uma formação adequada a quem quer receber os Sacramentos. As Paróquias porque não fomentam em muitos casos o espírito de comunidade tornando-se elitistas e demasiado muralistas. As Dioceses porque os seus Bispos muitas vezes desconhecem a realidade das suas Paróquias, e pouco ou nada fazem para as alterar.

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  3. @ Diário de um cristão:
    O ocidente está afastado da religião, em parte, devido a governos como o nosso que tentam, ao máximo, laicizar as pessoas (reminiscências do comunismo).
    A igreja, em si, vê-se obrigada ao facilitismo pois, como tudo hoje em dia, se for difícil não vale a pena fazer:
    Pedir a alguém para fazer uma "caminhada com um guia espiritual" só por causa de um casamento ou baptizado é, para muita gente um "preciosismo" do padre e... desistem ou partem para outra. A culpa está no facilitismo das coisas... quando tudo nos é oferecido de mão beijada, um pequeno esforço como uns encontros onde temos de falar de nós e da nossa religião já são um enoOorme esforço.
    É o que temos, a geração Magallanes*.

    (*)Famoso navegador que, AO SERVIÇO DA COROA ESPANHOLA, fez a épica viagem de circum-navegação da terra.

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  4. Só por causa de um casamento ou baptizado? Não é por se facilitar que se tem mais gente na Igreja! Alem do mais ser Cristão nunca foi fácil! Porque é que o tem que ser agora?? Ser Católico é só para quem o quer realmente SER nem todos têm de o ser!!

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  5. Concordo. A 100%
    A questão é mesmo essa, as pessoas QUEREM mesmo ser cristãs de pleno direito(leia-se dever)? Ou o facto de ser uma tarefa difícil já coloca essa pretensão fora dos seus horizontes?
    Como disse antes, hoje em dia o facilitismo impera, o que não é dado de mão beijada já não interessa... :(

    Mas ainda bem que há o CJovem para remar contra a maré eheh.

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  6. Como foi dito anteriormente , Ser Cristão não é unicamnete Ir a Misssa , Confessar-se , Rezar o Terço(Rósario)todos os dias , Amar o Proximo e já esta tarefa concluida .
    Não Ser-SE Cristão , como diz o Apóstolo S.Pedro ..." é Conhecer Cristo , e se o Amamos , devemos viver como Ele Viveu".
    E Ele ViVeu em Comunhão com o Pai, indo a Esta Sagrada Fonte buscar Força e Amparo,pois todos os qutro Evangelhistas são unanimes em afirmar que Ele " se retirava , para o Deserto , para orar(rezar) , e que muitas vezes passava as noites em Oração .
    Depois de Hauir a Fonte da Vida , Doava-se Totalmente aos outros .
    O que eu quero dizer com isto é , que como Cristão que sou , tento dia-a-dia ,cultivar uma Relação com o Pai , Filho , Espirito Santo , o que disse atrás é o que tento fazer , procuro igualmente Cultivar-me sobre a minha Fé , em que que ela acredita , quem foram os Apóstolos , que pede Deus de mim .
    Concordo também que a Formação Religiosa dos Leigos é "insuficiente" , todavia , se quisermos saber mais sobre a nossa Fé , temos a nossa disposição Livros , Catequismos , Internet , tudo fontes , onde podemos buscar informações , certo que parte da Igreja possa ter " culpa " ,mas também nos , e contra mim falo também , temos que ter o desejo e a vontade de descubrir mais a nossa Igreja e através dela Descubrir mais Deus .
    Antigamente era assim que se fazia , não estou a dixer que temos que retroceder , mas que neste tempo , temos que Cultivar uma Relação Firme com a Igreja e com Deus e , a partit daí , se calhar ver que temos uma vocação missiónaria , sacerdotal ou religiosa .
    Paz e Bem

    Paulo Ferreira J.M.C Norte

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