terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Apenas números?


Numa altura em que nos sentimos invadidos por Playstations, Wii, Netbooks e Magalhães... e tudo mais, espanta lermos notícias como ESTA publicada hoje no JN.
Segundo números tornados públicos recentemente, 20% dos jovens e crianças da União Europeia (UE) eram, em 2008, pobres, isto é, não tinham dinheiro suficiente para garantirem a sua subsistência.
Portugal estava acima da média europeia, 23% era a percentagem de crianças e jovens que viviam, então, sem comida na mesa.
Estes números já são nossos conhecidos mas, num ano que visa Combater a Pobreza e a Exclusão Social, o papel do cristão, do missionário (que somos nós todos), é de tomar uma posição ACTIVA! 

Que dizem?
Que podemos nós fazer para ajudar a baixar estes números (enquanto cristãos e enquanto jovens comprometidos com Cristo)?

Olly

19 comentários:

  1. Sinceramente não me admiro.
    Vivemos numa sociedade de aparências. "Mais vale ter um BMW na garagem, para os vizinhos verem, do que comida para a minha família" acho que é um pensamento que passa pela cabeça de muita gente. É melhor comer enlatados do que um bom peixe / bife e ir de ferias para um destino de luxo só para as "amigas" saberem.
    O que podemos fazer?! Boa pergunta Olly. Talvez começar por mudar a forma de pensar desta gente.

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  2. Não concordo minimamente com a análise da amiga Pipoca, admito que esses casos existam mas quanto a mim não são significativos. E os que existem escondem outras realidades por trás. Normalmente são pessoas que perderam emprego e que são, de um momento para o outro empurradas para um nível de vida muito abaixo do que tinham alcançado.

    O efeito psicologico da perda de emprego é elevadissimo e achar que as pessoas vão vender o BMW que tinham garagem de ânimo leve admitindo a perda de qualidade de vida está errado.

    Mas a maioria dos pobres não passa férias nem tem BMW na garagem. São mesmo pobres...

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  3. A propósito das novas tecnologias de fala o inicio do texto, lembrei-me do que disse o Chavez:

    O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, diz que 'PlayStation' é "veneno" capitalista.
    Afirmou que a consola 'PlayStation' é um "veneno" que vende o "capitalismo", uma vez que ensina as crianças a "matar e atirar bombas".
    E se calhar o homem até tem alguma razão

    Nando

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  4. Eu concordo com a análise da Pipoca e parte da análise do Tiago.
    A Pipoca tem razão quando diz k neste país vive-se muito para as aparências. Cria-se uma imagem para a vizinhança e colegas de trabalho k nem sempre corresponde ao que se vive dentro de casa.
    Em Portugal dá-se demasiada importância ao modelo, à cilindrada e à aparência do carro, assim como à imagem da casa, muitas das vezes maior do que as necessidades da família, só para passar uma imagem de grandeza; e o outro lado da moeda é a falta de qualidade de vida, porque depois se corta naquilo que é essencial.

    Agora fala-se muito de pobreza envergonhada. Porque ela existe de verdade. Mas nem sempre se quer assumir, diante da família e a da sociedade, a nova condição.

    Tiago, muitos dos pobres que "são mesmo pobres" têm telemóveis para todos lá em casa, vão todos os dias ao café mais de uma vez. Tem a tal Playstation para os filhos, etc etc.
    Não sei se sabem mesmo priorizar o essencial e cortar no k não é. Tenho as minhas dúvidas.

    Nando

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  5. Caro Nando,

    Do que conheço da sociologia e da Economia acerca de Portugal, que não demais, mas é qualquer coisa, não encontro representatividade nesses casos. São os casos conhecidos e falados e exagerados se for preciso. Mas não os que acontecem mais.

    Mais, mesmo esses casos, e concordo que em Portugal, e não so, se vive das aparências, a própria falta de regras para gerir uma familia tem também a ver com o defice educacional do país.

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  6. A propósito, vale a pena ver estes números em relação à maior potência mundial:

    "mais de metade das famílias com crianças da cidade tem dificuldade em comprar bens alimentares suficientes, sendo que 20% das crianças (400 mil) dependem da "sopa dos pobres""

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  7. O que devemos fazer como Cristãos, como Missionários?
    Sensibilizar aqueles que nos rodeiam, para o facto de que valemos por aquilo que somos, e não por aquilo que temos! Que mais importante do que TER é SER! Ser honesto, sincero, humilde, simples, autentico, leal e justo! Seguindo os ensinamentos de Jesus:

    «Felizes os pobres em espírito,
    porque deles é o Reino do Céu.
    Felizes os que choram,
    porque serão consolados.
    Felizes os mansos,
    porque possuirão a terra.
    Felizes os que têm fome e sede de justiça,
    porque serão saciados.
    Felizes os misericordiosos,
    porque alcançarão misericórdia.
    Felizes os puros de coração,
    porque verão a Deus.
    Felizes os pacificadores,
    porque serão chamados filhos de Deus.
    Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça,
    porque deles é o Reino do Céu.
    Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.» (Lc 5, 3-12)

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  8. Sobre isto apenas queria referir três coisas:
    1º - Pessoas realmente pobres existem sim, é uma realidade no nosso país!
    2º - Pessoas que gostam de "ser pobres" (desculpem-me a franqueza), que se acomodam `
    a "vidinha de pedinte"... ui... tambémm existem... e muitos (espero que entendam que tipo de pessoas estou a falar)! E, na minha opinião, a esses não se deve dar o peixe, mas sim... ensinar a pescar!
    3º - e por último, é tipico do português gastar mais do que aquilo que tem. Se ganho 100, não posso gastar 200 e ponto. Acho que vivemos numa sociedade que gasta mais do que aquilo que ganha. Sei que não posso tomar meia duzia de exemplos como um todo, mas reparem numa situação: quantos é que no verão vao de férias e chega o mês de Setembro, começam as aulas e queixam-se que não têm dinheiro para comprar o material escolar para os filhos?? Não estou com isto a dizer que as pessoas não podem tirar férias... claro que sim, podem e devem! Mas também devem pensar muito bem no orçamento familiar que existe. Quantas crianças no 1º CEB têm telemovel??? Precisam??? Para quê??? São pequenas coisas que me deixam um pouco revoltada quando depois ouço as pessoas a dizer que são pobres, não têm dinheiro mas msm assim lá vão ao café todos os dias, etc, etc.

    Continua a achar que o nosso papel não é dar o peixe, mas sim, ensinar a pescar!

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  9. Pessoal, vocês vão achar que eu gosto é de implicar...mas reparem em coisas:

    Vêm como todos aqui neste blogue condenam o individualismo da nossa sociedade quase todos os dias, mas quando se fala de um problema social apenas têm respostas acerca dos individuos?

    Isto não é uma questão menor, é a base de todo o pensamento político e de todo o debate político dos últimos 2 séculos pelo menos.

    O problema não está nas poucas ou muitas pessoas ou famílias que não sabem gerir as suas economias, mas sim num sistema social desequilibrado. Dependente das ajudas religiosas e familiares e com pouca presença de sistemas públicos de ajuda e segurança social.

    E não me digam que as tais pessoas que se acomodam à vida de pedinte é uma realidade portuguesa e que são representativos. Isso é o que a televisão e o senhor PP nos querem fazer crer. O mesmo senhor que passa o tempo a malhar no nosso rendimento social de inserção, que sabemos agora ser o segundo menos generoso da OCDE.

    As dívidas das pessoas é outro facto engraçado. As dívidas é o que faz girar a economia. A economia vive da divida porque foi seguido um caminho que leva a isso. Se as pessoas não têm conhecimento sobre como gerir as suas casas, o pior é um sistema que as empurra para a dívida porque é assim que o próprio sistema funciona, pela base individualista que ele tem.

    Se queremos acabar com um sistema que funciona com base na dívida das pessoas, temos de pedir melhores salários e não dizer que temos de nos contentar com pouco. Por acaso conheço investigadores que fazem ou fizeram parte do Observatório do Endividamento dos Consumidores e deu-me para aprender alguma coisa com eles.

    Amiga Marlé, o problema não está nas pessoas gastarem mais do que aquilo que ganham, mas sim em ganharem menos do que aquilo que merecem gastar. Pois é, mas se pedimos melhores salários somos despedidos, e se somos despedidos ainda ficamos pior. E porque é que isto acontece? Porque a sociedade é individualista como comecei por dizer no principio. Porque toda a política parte do princípio de que cada um se oriente, no maximo ajudamos, mas o bem estar de cada um é assunto de cada um.

    É este o tipo de reflexões que destrói a sociedade e a familia...

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  10. Oh João, tudo isso é de facto verdade e é bonito. Mas infelizmente não resolve nada.

    Mais do que gente a tentar fazer-se passar por aquilo que não é nem pode ter, há gente que trabalha sim, e até tem mais do que um emprego para conseguir sustentar a família e ainda assim com dificuldades.

    O maior problema não é as pessoas que nao querem trabalhar ou que se importam com as aparências, mas sim aqueles que se fartam de trabalhar e nao conseguem evoluir nada... O que mostra que realmente se passa algo de errado na sociedade.

    O nosso problema é nem sempre conseguir perceber as coisas para além do que os nossos olhos veêm. Tanto para a pobreza como para a praxe ou o que quiserem.

    Liliana Silva

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  11. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não vivo num casulo, não sou nenhum ignorante!
    Sou uma pessoa que lida diariamente com muitas pessoas, e todos os dias com pessoas diferentes, desde agricultores (profissão que respeito e admiro) até pessoas com mais formação e também douradas! (advogados, médicos, economistas, etc ) Não esqueçamos que o barbeiro é um sitio onde se fala dos mais variados assuntos! Tudo menos novelas!!!!
    Alem do mais sou alguém que gosta de ler, de estar a par dos temas da actualidade, e não só, já li muitos livros sobre os mais variados conteúdos!

    Por tudo isto, e sem qualquer presunção, tenho que dizer que estudos, sondagens, etc, não passam de isso mesmo! O que conta é aquilo que se vê e ouve! É verdade, sou privilegiado!
    Não resumo as minhas opiniões àquilo que me dizem os doutores, mas, a população, a sociedade em geral também conta, ou na minha modesta opinião deveria de contar!

    Acredito que existem situações dramáticas, mas, isso não nos tira, o direito, o dever, de denunciar aquilo que está incorrecto! E que não é assim tão pouco como isso!
    A verdade é que boa parte das pessoas que recebem fundo de desemprego ou rendimento de inserção social, (30 a 40%) ou não estão a trabalhar porque não querem (ganham tanto ou mais no fundo de desemprego do que a trabalhar!), ou estão a trabalhar ilegalmente!
    Poderei dar aqui alguns exemplos. Nos três últimos meses de 2009, aqui, no Concelho de Ourém, muitos dos desempregados dedicaram-se a trabalhar na apanha da azeitona e na sua transformação em azeite (e se ouve azeitona!), com o vencimento de 50€ ao dia, quantos o declararam às finanças ou á segurança social? Eu arrisco a dizer, nenhum!
    Por este pais a fora quantos são os desempregados que se dedicam ao biscate (pedreiros, carpinteiros, pintores, mecânicos, etc? Quantos cumprem com suas obrigações fiscais? Eu arrisco a dizer, nenhum!
    Quem precisa de ganhar dinheiro agarra-se ao emprego que lhe aparece! Alias há algum tempo a televisão transmitiu uma notícia que dizia que em alguns pontos do nosso pais há vagas de emprego por preencher há meses! Aqueles que ninguém quer!
    Vivemos num pais em que a economia paralela (aquela em que não se paga impostos) está já acima dos 30%, muito á custa dos falsos coitadinhos, daqueles que vivem acima da lei, ou fora da lei, no salve-se quem for mais esperto!

    Por último, aqueles que têm dois empregos, só os têm por duas razões:
    1º- Porque querem manter um nível de vida alto (o tal evoluir que é viver para TER e não para SER) portanto de nada se podem queixar! Ter dois empregos em tempo de crise, numa época em que o desemprego atinge os dois dígitos? (ou seja acima dos 10%) É um luxo a que poucos se podem dar!
    2º- Porque existe falta de pessoas para trabalhar nessa profissão

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  12. O que nós vemos e ouvimos á nossa porta é so um caso, também tenho vizinhos que não trabalham porque não querem, que vivem do rendimento social. Mas esses pra mim não são os casos problemáticos.

    Pra mim, os casos urgentes são aqueles que se matam a trabalhar e passam dificulades, repito PASSAM DIFICULDADES MESMO TRABALHANDO E ATÉ COM MAIS DO QUE UM EMPREGO. E acreditem que não são tão poucos como pensam e se calhar são até mais do que os que vivem à conta do estado.

    Quanto a agarrar o emprego que lhe aparece a frente, ora pois que remédio. Estamos numa óptima altura para os senhores empregadores se aproveitarem da crise, e oferecer empregos que são uma verdadeira exploração e onde se ganham misérias. Mas que ninguém que passe uma situação realmente difícil pode recusar.

    Achas isso bem?

    Epa eu não...

    Liliana Silva

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  13. Oh minha gente! tenho a dizer que pobreza não e apenas o coitado que pede na rua a esmolinha! o aproveitamento da mao de obra qualificada e nao qualificada é um facto. vejamos a manutençao de dois empregos muitas vezes é a ressalva para ter o ordenado digno que apenas um deveria ter. Mais ainda afirmaram que existiam vagas em empregos por preencher, muito bem existem de facto mas porque é que não sao preenchdas? pelo facto de terem condiçoes de trabalho/acessibiluidade precárias. E sera que todos temos de nos sujeitar a isso mesmo? a percariedade? diminuido progressivamente (e a uma velocidade alarmante ultimamente) a fasquia que distingue o trabalho dignamente reconhecido e a exploração? E isto por muito que contrariamente afiram alcança todos os extratos sociais e profissoes possivei e imaginarias. Falam ainda que estudos e sondagem sao mera presunção facto é que as utilizam para fundamentar a tomada de posiçoes, as estaticas não sao td obviamente no entanto fazem parte e são necessárias, aliás, não fossem elas mesmas não sei ate que ponto o norte global tomaria real conhecimento da situçaõa que assola não só o sul do globo mas os próprios paises dio norte.Quanto a "biscates" que rendem mais uns trocos não declarados, exitem em tudo na vida situaçoes fraudulentas, mas não generalizemos, o biscate não declarado muitas vezes serve apenas para sustentar pequenas regalias que aumentam o coeficiente de felicidade (este que gere no fundo o poder de compra uma vez que a sensação de satisfaçao leva a um aumento do consumo)e kem diz regalias diz também em casos mais gravosos o sustento e manutenção das condiçoes minimas de habitabilidade e itegridade familiar. Trágico entender a felicidade como um coeficiente nao e? mas no fundo com o paradigma mercantilista que hoje nos assola até isto é considerado um factor preponderante ta tomada de decisão quanto ao consumo, vejam o exemplo de que nas instituiçoes bancarias a simpatia e sendsaçao de segurança que nos passam os senhores que atendem não é mera coicidencia, existem estudos de satisfação do cliente porque está provado que quanto maior a satisfaçao (o tal coeficiente) maior sera a "vontade " de adquirir o produto.Mai tenho a dizer que de facto existe uma má distribuição da populaçao activa pelos sectores de emprego mas isto tem uma razao obvia, foi-nos desde sempre incutido que ter um diploma em medicina ou advocacia era a base do sucesso, sera de facto para alguns mas para outros não, a sociedade do "canudo" a muito que tem vindo a ser instituida ate ao ponto em que hoje o canudo não vale de quase nada. Acerca disto posso referir ainda o facto de yum maior acesso a informação e a real precepção das condiçoes de empregabilidade de certas áreas contribui sem dúvida, uma vez que obviamente todos iremos procurar as melhores condiçoes (que mesmo assim estao muito muito longe da exclencia que deve ser exigida)e o maior acesso a informação.

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  14. Sobre o tema, vale a pena ler:

    http://www.ionline.pt/conteudo/29380-a-revolta-fernando-nobre-temos-40-pobres

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  15. Em nenhum dos meus comentários eu digo que concordo, ou sequer aceite as condições de desemprego, e de trabalho na sociedade actual! Só acho que se exagera na cultura do pobrezinho, do coitadinho!
    Não poderemos mudar o mundo sem mudar quem nos é e está próximo!
    Na verdade não discordo, até concordo com quase todos os comentários que já foram escritos!
    Há alguns dias estive um cliente na minha loja que me contava a sua história:
    “Sabe fiquei desempregado á um ano, trabalhava no Vilar, numa fabrica de moveis, o meu patrão não tinha juízo, gastava o dinheiro em carros e outras coisas…..a fabrica faliu!
    Como não tenho jeito para estar sem fazer nada, e como sou velho para trabalhar e novo para a reforma, pois tenho 40 anos, tive de me desenrascar. E como gostava de trabalhar no campo, criei a meu próprio emprego, faço limpeza de terrenos e cuido de terrenos e casas de emigrantes, e isto até está a correr bem. “
    Seria bom que muitos dos desempregados olhassem para exemplos como este! O desânimo, o medo, o comodismo, a falta de iniciativa, são um dos maiores problemas dos nossos pobres e desempregados!

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  16. Ler mais: http://dn.sapo.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1472479&seccao=Jo%E3o C%E9sar das Neves&tag=Opini%E3o - Em Foco

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  17. A porta da verdade estava aberta,
    mas só deixava passar
    meia pessoa de cada vez.

    Assim não era possível atingir toda a verdade,
    porque a meia pessoa que entrava
    só trazia o perfil de meia verdade.
    E sua segunda metade
    voltava igualmente com meio perfil.
    E os meios perfis não coincidiam.

    Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
    Chegaram ao lugar luminoso
    onde a verdade esplendia seus fogos.
    Era dividida em metades
    diferentes uma da outra.

    Chegou-se a discutir qual a mais bela.
    Nenhuma das duas era totalmente bela.
    E carecia optar. Cada um optou conforme
    seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

    Carlos Drummond de Andrade

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  18. “Não julgueis, para não serdes julgados; pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos. Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? Como ousas dizer ao teu irmão: 'Deixa-me tirar o argueiro da tua vista', tendo tu uma trave na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás melhor para tirar o argueiro da vista do teu irmão.” (Mt 7 1-5)

    “Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu, onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
    A lâmpada do corpo são os olhos; se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo andará iluminado. Se, porém, os teus olhos estiverem doentes, todo o teu corpo andará em trevas. Portanto, se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas! Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” (Mt 6 19-24)

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  19. Felizmente, os teus comentários ajudam e vêm na mesma linha daquilo que quero dizer:

    A tua teoria é individualista na linha em que põe a culpa pelos falhanços nos próprios individuos, esquecendo todas as condicionantes sociais que estão por trás.

    Aquilo que vês e ouves na tua barbearia é parte apenas da verdade. Tudo o que ouvimos todos todos os dias são apenas partes da realidade. O primeiro passo é ter consciência disso.

    Depois chegamos à conclusão que existe muito mais para além daquilo que vemos. Que o Sr. que parece não querer trabalhar é um bocado mais do que um simples preguiçoso, que as pessoas que não sabem gerir a economia familiar são mais do que simples estragadões. O problema é muito mais extenso que isso, e como disse a Liliana, trata-se de ver mais longe do que o caso de um Sr que foi esperto e se orientou sozinho.

    Sem saberes, usas argumentos de uma teoria que define que os Homens podem ser postos numa hierarquia de melhores para piores. A mesma teoria que diz que África está mal porque não se sabem governar ou que os bairros sociais estão mal porque os habitantes são criminosos por natureza - e tudo isto esquecendo tudo o que está por trás, tudo o que condiciona os comportamentos humanos desde o primeiro dia de cada vida. É esquecer que tudo o que fazemos está directamente ligado com o que tanta gente fez ao longo da vida e que nos afectou. É esquecer que ninguém enriquece sozinho, ninguém empobrece sozinho, ninguém consegue nada por mérito próprio. Não há sistemas isolados na natureza...

    A tua citação bíblica é dirigida a nós, que achas estarmos a apontar-te o argueiro no olho quando temos uma trave à frente do nosso não é? Experimenta a usá-la quando culpas as pessoas pela própria pobreza, sem pensares na culpa que tu, eu, e todos temos nessa mesma pobreza dessas mesmas pessoas...

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