Identikit de uma vocação (parte 9)
Deus chama, envia e encoraja
Depois que tudo terminou entre eu e a Tércia, o mundo não acabou. Decidi não entrar para o seminário em seguida, mas continuar em discernimento vocacional, para descobrir com mais clareza o que realmente Deus queria de mim.
Continuei com o meu trabalho e com minhas atividades normais. Sentia que a chama da luz de Deus que um dia, quando adolescente, tinha brilhado em meu coração, não tinha ainda sido apagada, continuava bem acesa e, agora então podia ver melhor que ela aumentava cada dia mais.
Os Missionários da Consolata entram em minha historia de vida
De agora em diante se iniciará uma nova historia, ou seja, minha vida assume uma nova etapa, uma nova missão. A abertura missionária aos povos e culturas do mundo inteiro.
No ano de 1997 fui viver em um bairro ( Mangueira-Telégrafos) onde a paróquia pertencia aos Missionários da Consolata. Em outra ocasião, vos falo de minha experiência de vida e de trabalho naquele bairro, ok?
Foi a partir daí que fui colhendo os bons frutos e exemplos, vendo de perto suas experiências e seus testemunhos e, vivendo e trabalhando com eles na pastoral, fui pouco a pouco enamorando-me pelo estilo de vida que eles levavam e pelo amor a missão “ad gentes” que demonstravam.
Tudo isso foi atraindo-me cada vez mais, e aquela Luz de que estou a falar, Deus, começou a crescer e acender em mim a chama da missão.
Foi então que os missionários da Consolata entraram na minha vida e eu entrei na vida deles.
João Batista
Olá João.
ResponderEliminarAcho que nunca te perguntei, mas estou interessado em saber. Como foi essa passagem da Paraíba, onde vivias, para o Rio de Janeiro, uma cidade enorme e complexa, a mais de 2 mil km (como disseste num capitulo anterior)da tua terra natal. E, além disso, numa experiência social desafiante, nos bairros/favelas que mencionaste neste texto.
Gostava que falasses, sobretudo, a nível da experiência de fé, de comunidade, etc. Sempre tive a impressão que, para quem sai de ambientes rurais - ou quase - para uma grande metrópole, diluem-se experiências, valores, memórias, e a própria fé, sem um ambiente favorável, enfraquece.
A "cidade grande", tal como se refere o brasileiro a todas as grandes cidades, não "te engoliu"? Como foi a tua adaptação. Que tentações e que resistências?
Não sei se pensas falar deste aspecto num próximo post ou se poderias partilhar isso agora.
Obrigado!
Caro P. Albino, obrigado pela pergunta. Fico feliz pelo teu interesse em saber como foi essa passagem de uma pequena cidade do interior para uma metrópole como è o Rio. Respondo-te rapidamente, até porque tenho a idéia de falar sobre esse tema nos capítulos seguintes. Porém, digo-te que não foi fácil. No inicio sofri muito e pensei até em regressar à minha terra natal. Mas, graças a essa Luz, de que falo, fui criando forças, coragem e determinação. Fui rompendo barreiras e vencendo alguns obstáculos. Fui discernindo o que era bom, aquilo que poderia ser útil, e que servia-me, daquilo que era menos bom e separando o que não me era útil e agradável.
ResponderEliminarComo dizes tu, no Brasil, para quem chega do interior em uma grande cidade, sente-se perdido, e se não se cuidar è engolido pelo estilo e pelo anonimato, pelo medo e pelas dificuldades de adaptar-se as novas regras, exigências e costumes de um mundo totalmente diferente, daquele que se deixou no interior.
Muitos amigos que conheci, quando vieram, não è que perderam a fè, mas não alimentaram e não continuaram com o mesmo entusiasmo de que quando viviam no interior. Muitos mudam até mesmo de religião. Vivem outros valores que as vezes, não condizem com a fé e nem mesmo com a vida. Mas, quero dizer-te, que tratarei desse aspecto com muito mais detalhes nos próximos capítulos. Ta bem.