sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Posso ir contigo?

No domingo passado cheguei a casa do trabalho e sentei-me à mesa a lanchar e a conversar com uma amiga de curso que trabalha comigo neste momento. No decorrer da conversa disse-lhe que a companhia estava a ser boa mas que queria ir à missa das 18h e tinha que sair entretanto.
O diálogo que se seguiu foi este:
- “E vais à missa sozinha” – Pergunta a minha amiga.
- “Sim” - Respondo eu, distraidamente.
- “Olha e eu posso ir contigo?” - Pergunta ela de repente.
Neste momento penso que acordei do estado de distracção em que me encontrava e disse: “Oh claro desculpa, pensei que não quisesses ir por isso é que não te disse nada”. Ao que ela me respondeu: “Eu gostava de ir mas não me convidaste”.

Essas palavras ficaram a fazer eco algures no meu pensamento ao ponto de não conseguir responder de imediato. Pelo caminho não resisti em dizer-lhe: “Eu não te convidei mas alguém o fez por mim ao ver-me tão distraída”.

A minha amiga faz parte do grupo de pessoas que se dizem cristãos não praticantes, conceito que não concordo mas aceito e respeito. Ela sabe que eu vou à missa e eu sei que ela não vai regularmente e respeitamos o espaço e a liberdade uma da outra. Mas este acontecimento foi sem dúvida inquietante. Todos os factores faziam querer que ela não quereria ir e talvez tivesse sido por isso que, inconscientemente, não lhe perguntei se queria ir. Mas a verdade é que contra toda a lógica ela perguntou: e eu posso ir contigo?

Fiquei feliz. E fiquei também pensativa. A minha amiga deu-me uma grande lição. Com ela aprendi que há pessoas que gostam de ser convidadas para ir a esta grande festa que é a Eucaristia. O que a minha amiga não sabe é que nesse domingo não fui eu a convidá-la. Graças à minha distracção aquele convite veio de Alguém muito especial que a queria lá ver nesse dia.

Deus não fala?! Se ele não fala então digam-me quem a convidou porque eu não fui. Estava distraída.
Nesse domingo aprendi com a minha amiga a convidar para a festa aqueles que por algum motivo já não se sentem bem em ir sem serem convidados e aprendi com Jesus a estar atento e olhar menos para o céu e mais para o lado onde está o verdadeiro Jesus no rosto e no coração de cada irmão.

É nestes pequenos grandes pormenores que se passam na nossa vida que estão os grandes ensinamentos. Neste pequeno diálogo vejo-me a mim a menina católica cumpridora que vai à missa e a minha amiga católica não praticante que vai a igreja para casamentos, baptizados e funerais como ela própria diz. E Jesus “aparece” e diz à minha amiga: “Queres ir? Eu gostava que fosses”.

Mais uma vez está aqui a opção de Jesus: os que andam afastados, os que já não o visitam há muito tempo. É esta a opção do mestre. E a minha opção qual é? E a tua opção qual é?

Sara Leal

2 comentários:

  1. E é assim que Deus nos faz caminho.

    Em tudo Ele nos fala e nós tantas vezes distraídos.

    E o testemunho de vida?

    Foi ele que tocou também, pois num grupo em que, como dizes, as pessoas não "praticam" o testemunho de alguém, (tu neste caso), que sai do "normal" chama a atenção e impele a perceber porquê.

    Gostei muito deste texto. Encheu-me o coração.

    Não sou jovem de idade, mas sou sempre jovem na fé, porque a descubro mais e mais todos os dias.

    Abraço amigo em Cristo

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  2. Nós podemos andar distraídos mas Ele não. Consegue mesmo aproveitar-se desses nossos momentos de distracção para nos fazer parar e pensar que Ele está sempre pronto para nos ouvir (ou neste caso, para nos dizer algo).

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