Diante da beleza dos sons, tambores e coros africanos, numa extraordinária multiplicidade de vozes, é pena que o som que se impõe no Mundial de Futebol 2010, a decorrer na África do Sul, seja aquele que sai de um objecto de plástico, de cerca de um metro, ou mais, e que dá pelo nome de vuvuzela. Esse é o substantivo do momento, que entrará, seguramente, no resumo do ano 2010.
O ruído provocado pelas vuvuzelas já provocaram inúmeras queixas por parte dos espectadores, e até já foi sugerida a sua proibição nos estádios. Os que apoiam a entrada da corneta nos estádios justificam-se no facto de esta “fazer parte da cultura e do futebol sul-africano”. E é aí que emperra o debate. Se é cultural, pronto, nada mais há a dizer! Não se pode ir contra a cultura! Para muitos, cultura é dogma. Porém, acrescentar a palavra ‘tradicional’ a tal objecto, usado quase como arma de destruição massiva dos tímpanos, não só nos estádios do Mundial, mas também por quem acompanha algum que outro jogo pela televisão, já nos parece exagerado. A controvérsia está servida. Vejamos:
O ruído provocado pelas vuvuzelas já provocaram inúmeras queixas por parte dos espectadores, e até já foi sugerida a sua proibição nos estádios. Os que apoiam a entrada da corneta nos estádios justificam-se no facto de esta “fazer parte da cultura e do futebol sul-africano”. E é aí que emperra o debate. Se é cultural, pronto, nada mais há a dizer! Não se pode ir contra a cultura! Para muitos, cultura é dogma. Porém, acrescentar a palavra ‘tradicional’ a tal objecto, usado quase como arma de destruição massiva dos tímpanos, não só nos estádios do Mundial, mas também por quem acompanha algum que outro jogo pela televisão, já nos parece exagerado. A controvérsia está servida. Vejamos:
Como se pode falar em tradição sendo que esse é um instrumento que veio ao mundo apenas nos anos 90? É pouco, para se falar em objecto “tradicional da cultura africana”. A África do Sul terá, seguramente, outros símbolos, e mais fortes, da sua identidade.
De qualquer maneira o que é tradicional também pode ser questionado e, mesmo, contestado. O próprio Jesus o fez. Promoveu rupturas com ene coisas, ideias e situações do seu tempo. Para isso bastava que não estivessem ao serviço da vida. E, sinceramente, não sei o que é que a vuvuzela acrescenta à vida e, concretamente, ao espectáculo do futebol. Poluição sonora, irritação e surdez. Pouco mais que isso! De facto, o som do aparelho pode causar danos permanentes na audição, chegando, segundo medições feitas, aos 127 decibéis, barulho comprovadamente maior do que o de uma motosserra.
“O Grito”, uma pintura do norueguês Edvard Munch, datada de 1893, que podem ver na imagem, ganha actualidade com o instrumento-praga deste mundial. É interessante esta adaptação do famoso quadro com a imagem sobreposta de um garoto a soprar uma vuvuzela.
Joseph Blatter, presidente da FIFA, já veio a público afirmar que não vai proibir as vuvuzelas nos estádios, porque reflectem o "ritmo e o som" de África. Não, Sr Blatter, não! Aquilo, de ritmo não tem nada, nem mesmo se pode considerar som: é um zumbido monocórdico. Africa, sim, tem ritmo; neste sentido, esta vuvuzela de plástico, talvez ‘Made in China’, é a negação da África.
Albino BrásDe qualquer maneira o que é tradicional também pode ser questionado e, mesmo, contestado. O próprio Jesus o fez. Promoveu rupturas com ene coisas, ideias e situações do seu tempo. Para isso bastava que não estivessem ao serviço da vida. E, sinceramente, não sei o que é que a vuvuzela acrescenta à vida e, concretamente, ao espectáculo do futebol. Poluição sonora, irritação e surdez. Pouco mais que isso! De facto, o som do aparelho pode causar danos permanentes na audição, chegando, segundo medições feitas, aos 127 decibéis, barulho comprovadamente maior do que o de uma motosserra.
“O Grito”, uma pintura do norueguês Edvard Munch, datada de 1893, que podem ver na imagem, ganha actualidade com o instrumento-praga deste mundial. É interessante esta adaptação do famoso quadro com a imagem sobreposta de um garoto a soprar uma vuvuzela.
Joseph Blatter, presidente da FIFA, já veio a público afirmar que não vai proibir as vuvuzelas nos estádios, porque reflectem o "ritmo e o som" de África. Não, Sr Blatter, não! Aquilo, de ritmo não tem nada, nem mesmo se pode considerar som: é um zumbido monocórdico. Africa, sim, tem ritmo; neste sentido, esta vuvuzela de plástico, talvez ‘Made in China’, é a negação da África.
Montagem no quadro 'O Grito' (Foto: Reprodução Telegraph.co.uk)
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