quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Também eu gostava de ser "maluco"!

Quando falamos em "malucos", lembramo-nos daqueles que não estão bem da cabeça, como dizemos frequentemente. Na realidade são pessoas com problema mentais graves mas que vivem no meio de nós, são pessoas iguais a nós e que devemos respeitar e que por vezes, como hoje, nos dá grandes lições!
Sempre ouvi dizer que cada terra tem o seu "maluco"... Eu hoje encontrei o da minha!
O cenário parece ser sempre o mesmo: o carro e o retrovisor!
Percorria uma das estradas do Porto, procurando um lugar de estacionamento que é uma missão titânica pois encontrar lugares vazios é quase como encontrar bruxas: não as vemos mas existir existem...
Avistei esta pessoa que percorria a forte passada, olhando para o chão e baixando-se, apanhava sempre qualquer coisa. Tinha perturbações evidentes quer pela forma como procurava qualquer coisa no chão, quer pela velocidade com que o fazia.
Qual foi o pensamento imediato? É um drogadito que procura pontas de cigarro... Pelo aspecto, pela face carregada, pelas roupas...
Continuei a aproximar-me e afinal o cenário já era diferente: parecia que estava a apanhar maços de cigarros vazios pois tinha um monte de papelada nas mãos entre a qual estavam vários maços.
Qual foi o pensamento imediato? Afinal é um pobre desgraçado que está a recolher a prata dos maços de tabaco para ir vender e assim fazer algum dinheiro...
Passei por ele e vi que se agarrava a um monte de lixo, agarrava-se de tal forma que parecia que agarrava a vida... Ele parecia passar despercebido por todos aqueles que cruzavam com ele no passeio. Uma pessoa normal a fazer algo normal...
Percorri o olhar no retrovisor para ver se continuaria a baixar-se e a apanhar lixo. Baixou-se uma vez mais, sempre de passo acelerado. Vi-o a colocar tudo o que abraçava num caixote do lixo...
Sorri...

Qual foi o meu pensamento imediato?

Também eu gostava de ser "maluco"!

Copi, Lmc

2 comentários:

  1. Ao cruzarmo-nos com pessoas na rua, por muito que não queiramos, rotulamo-las.... Pensamos: "este é maluco"; "aquele é gágá"; etc...
    Mas, muitas vezes, quem passa por "malucos" somos nós...pois eles fazem, o que todos nós haviamos de fazer...

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  2. São pessoas assim que me fazem lembrar aquela letra de João Monge:

    São os loucos de Lisboa
    Que nos fazem duvidar
    A terra gira ao contrário
    E os rios nascem no mar

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