quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A pandemia da fome

Na última Cimeira Mundial da Alimentação, que juntou 60 chefes de Estado e de governo, na qual o Papa marcou presença, Bento XVI alertou para a importância de "uma consciência solidária que considere o direito à alimentação e o acesso à água como direitos universais de todos os seres humanos, sem distinções ou discriminações".

Fez, ainda, uma condenação corajosa dos sistemas económicos e políticos que acabam por submeter os alimentos à categoria de mera mercadoria: "É preciso contestar o egoísmo que permite que a especulação penetre mesmo no mercado dos cereais, colocando a comida no mesmo plano que todas as outras mercadorias", afirmou.

Bento XVI desafiou à mudança de estilos de vida, sem “opulência”. A preocupação que está na base desta intervenção é o “dramático crescimento do número de pessoas que sofrem a fome”. O Papa considera desadequada “a persistência de modelos alimentares orientados apenas para o consumo”.

Bento XVI citou a sua última encíclica, Caritas in veritate, onde se escreve que “fome não depende tanto de uma escassez material, mas sobretudo da escassez de recursos sociais, o mais importante dos quais é de natureza institucional”.

Estimativas da FAO indicam que o número de pessoas com fome pode aumentar em 100 milhões, só em 2009, e ultrapassar a marca das mil milhões de pessoas. A ‘pandemia’ da fome é real.

O Papa não teve dúvidas em afirmar que o planeta tem capacidade de alimentar “todos” os seus habitantes, no presente e no futuro.

- Este tema sugere-nos a sondagem que estará online nos próximos dias.
Opinem, a propósito, no espaço dos comentários. Não deixem de votar na sondagem, na coluna à direita.

Para ti, qual a causa principal para que ainda exista fome no mundo?

Não há alimentos para todos
Não há vontade política
Falta partilha dos bens
Por causa do desperdício
________________________________
Resultados da sondagem publicada de 18nov09 a 25nov09:

Não há vontade política 55% (15 votos)
Falta partilha dos bens 40% (11 votos)
Por causa do desperdício 3% (1 voto)
Não há alimentos para todos 0% (0 votos)

Votos apurados: 27

CJovem

12 comentários:

  1. Por um lado a culpa não é de ninguém mas por outro é de todos.
    Acho que a solução não é enviar a comida, mas sim explicar como obte-la.
    "Não é dar o peixe, mas sim ensiná-los a pescar".

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  2. Sim, mas ninguém aprende a pescar de barriga vazia...

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  3. O problema está no seguinte: "tem de haver pobrezinhos e fome no mundo porque sempre houve, se todos vivessemos bem isto não tinha piada nenhuma" estas foram as palavras da minha prof da faculdade na última aula, a que o meu colega respondeu "acbar com a fome no muindo é impossível, temos de ser realistas"

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  4. Uma reclamação! Na sondagem falta a opção: "Eles comem tudo!"

    Nando

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  5. Agora a sério. Eu acho que é todo o sistema que está errado. Acho que o Papa disse o que tinha que ser dito. A comida não está ou nao deveria estar ao mesmo nível de qualquer outra mercadoria e não de deveria fazer especulação com os alimentos.
    Eu não entendo, por exemplo, porque é que se manda tanta comida para o lixo, só para regular o mercado.
    Na perspectiva do sistema económico vigente até posso entender, mas não concordo. O que é uma coisa muito diferente. E pronto, tenho dito.

    Nando

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  6. O Nando disse tudo...o problema está no sistema.

    Um sistema económico individualista e que mercadoriza tudo, até as relações humanas e as vidas humanas dá obriatoriamente este resultado.

    O objectivo é maximizar o lucro dos accionistas, não é minimizar os subnutridos nem os pobres. Todo o estudante de economia sabe isto...

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  7. É verdade, mas os pobres, como não têm poder de compra, não gastam dinheiro. Se esses accionistas apostassem na erradicação da pobreza não estariam a criar mais 100 milhões de consumidores?
    Estou provavelmente a ser ingénuo mas o investimento inicial não iria ser recuperado a médio/longo prazo?
    Em vez de excluídos da balança comercial, teríamos frequentadores assíduos de MacDonalds e companhia... não é bom para a economia?

    Se o mundo tem excedentes, por que não partilhar com os mais necessitados?
    (Lá está a ingenuidade outra vez a fazer das suas)

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  8. Porque tem tudo a ver:
    http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=76122

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  9. Já agora, se me permitem colaborar com um artigo também ;)

    http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=76186

    Entrevista à presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, um exemplo de doação.

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  10. A quantidade de alimentos produzidos pelos paises desenvolvidos é demasiado alta e por isso é que nos Açores o leite produzido em excesso é deitado ao mar.

    Juliana

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  11. @Olly, esse raciocínio é falacioso. Porque é que não se podem fazer as duas coisas ao mesmo tempo: produzir, vender e distribuir (também) gratuitamente pelos mais necessitados? Por exemplo: pelos sem abrigo, instituições de solidariedade social, etc.
    o mercado pelo mercado já confirmou, com a crise que está aí, que não funciona. Quem vai atender a todos os pobres e desempregados que esta crise mundial produziu?
    A economia de mercado é uma economia sem alma.

    Nando

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  12. @Nando
    Pois, por isso é que disse que era ingenuidade da minha parte.
    Mas sonhar não custa, não é?

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