(Parte I e Parte II)
Tudo isto afecta os Estados de várias maneiras. Para segurar aquilo a que se chama risco sistémico (o tal risco de a crise se disseminar entre os bancos), para proteger as pessoas que sofrem mais imediatamente com a crise (principalmente os desempregados), para garantir que o sistema financeiro leve o dinheiro para onde este é necessário.
Os Estados podem actuar de várias formas. As principais são a chamada Política Orçamental e a Política Monetária. A Política Monetária é simples. O Banco Central, que é quem tem as impressoras que imprimem o dinheiro que temos emprestam normalmente dinheiro aos bancos a uma determinada taxa de juro. Reduzindo esta taxa de juro, permite aos bancos pedirem mais dinheiro emprestado e assim facilitando que o dinheiro flua pelo sistema financeiro e chegue às pessoas, por exemplo, permitindo aos bancos emprestar às pessoas a juros mais baixos. Daí que toda a gente esteja a pagar agora menos pelos seus créditos à habitação do que pagavam há alguns anos atrás.
A Política Orçamental é mais complexa. Trata-se de o Estado usar o seu orçamento de forma a actuar na economia. Como vimos na primeira parte deste texto, o Estado tem receitas vindas principalmente dos impostos e despesas que vão desde os salários da Administração Pública, as despesas sociais como o subsídio de desemprego e os juros da sua própria dívida, entre outros. Para auxiliar as empresas e as pessoas, os Estados começaram por reduzir os impostos, para que, aliviando, por exemplo, a carga fiscal das empresas, estas conseguissem continuar a produzir sem despedir os trabalhadores. Diminuindo a carga fiscal ao consumo permitiam que as pessoas continuassem a consumir e assim a dar trabalho às empresas. Por outro lado, as despesas também actuam na economia. Os investimentos do Estado permitem dar emprego a muitas pessoas que assim tem dinheiro para consumir e dar trabalho a muitas empresas. O subsídio de desemprego também consegue o mesmo efeito. Para além disso, os Estados gastaram ainda muito dinheiro directamente na salvação de bancos e empresas.
Ora, isto tem um preço. Os Estados reduziram muito as suas receitas porque diminuiram impostos e porque as empresas tiveram menos lucros e as pessoas tiveram menos rendimentos e consumiram menos, o que diminuiu também as receitas com impostos. Em segundo lugar, gastaram mais, porque o desemprego aumentou, porque tiveram de salvar os bancos e as empresas e porque tentaram fazer investimentos que pusessem as economias em expansão novamente.
Em suma, é isto que nos leva ao que temos hoje. Os Estados estão endividados. Todos eles. No entanto, há algo de pernicioso aqui: os Estados devem a bancos e instituições financeiras que estiveram na origem da crise pelo seu comportamento irresponsável e sua excessiva atracção pelo lucro imediato. Ou seja, quem nos obrigou a gastar mais é agora quem nos põe entre a espada e a parede exigindo sacrifícios. Há algo que não está correcto aqui. Como é possível chegarmos a este estado?
Tudo isto afecta os Estados de várias maneiras. Para segurar aquilo a que se chama risco sistémico (o tal risco de a crise se disseminar entre os bancos), para proteger as pessoas que sofrem mais imediatamente com a crise (principalmente os desempregados), para garantir que o sistema financeiro leve o dinheiro para onde este é necessário.
Os Estados podem actuar de várias formas. As principais são a chamada Política Orçamental e a Política Monetária. A Política Monetária é simples. O Banco Central, que é quem tem as impressoras que imprimem o dinheiro que temos emprestam normalmente dinheiro aos bancos a uma determinada taxa de juro. Reduzindo esta taxa de juro, permite aos bancos pedirem mais dinheiro emprestado e assim facilitando que o dinheiro flua pelo sistema financeiro e chegue às pessoas, por exemplo, permitindo aos bancos emprestar às pessoas a juros mais baixos. Daí que toda a gente esteja a pagar agora menos pelos seus créditos à habitação do que pagavam há alguns anos atrás.
A Política Orçamental é mais complexa. Trata-se de o Estado usar o seu orçamento de forma a actuar na economia. Como vimos na primeira parte deste texto, o Estado tem receitas vindas principalmente dos impostos e despesas que vão desde os salários da Administração Pública, as despesas sociais como o subsídio de desemprego e os juros da sua própria dívida, entre outros. Para auxiliar as empresas e as pessoas, os Estados começaram por reduzir os impostos, para que, aliviando, por exemplo, a carga fiscal das empresas, estas conseguissem continuar a produzir sem despedir os trabalhadores. Diminuindo a carga fiscal ao consumo permitiam que as pessoas continuassem a consumir e assim a dar trabalho às empresas. Por outro lado, as despesas também actuam na economia. Os investimentos do Estado permitem dar emprego a muitas pessoas que assim tem dinheiro para consumir e dar trabalho a muitas empresas. O subsídio de desemprego também consegue o mesmo efeito. Para além disso, os Estados gastaram ainda muito dinheiro directamente na salvação de bancos e empresas.
Ora, isto tem um preço. Os Estados reduziram muito as suas receitas porque diminuiram impostos e porque as empresas tiveram menos lucros e as pessoas tiveram menos rendimentos e consumiram menos, o que diminuiu também as receitas com impostos. Em segundo lugar, gastaram mais, porque o desemprego aumentou, porque tiveram de salvar os bancos e as empresas e porque tentaram fazer investimentos que pusessem as economias em expansão novamente.
Em suma, é isto que nos leva ao que temos hoje. Os Estados estão endividados. Todos eles. No entanto, há algo de pernicioso aqui: os Estados devem a bancos e instituições financeiras que estiveram na origem da crise pelo seu comportamento irresponsável e sua excessiva atracção pelo lucro imediato. Ou seja, quem nos obrigou a gastar mais é agora quem nos põe entre a espada e a parede exigindo sacrifícios. Há algo que não está correcto aqui. Como é possível chegarmos a este estado?
Tiago Santos
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